Criticando Petisqueira Martinho

Veja só que papelão o meu: sábado, na Cidade do Samba, vi o concurso Comida di Buteco celebrar como novo campeão um bar que eu não conhecia. Lembrei na hora do ditado que mamãe sempre dizia: casa de ferreiro, espeto de pau. Envergonhado, procurei corrigir rapidamente a falha. Ontem mesmo, lacei a patroa, corri para a Ilha do Governador e me aboletei numa das mesas da Petisqueira Martinho para provar o tão falado Petisquim (R$ 16), uma casquinha de frutos do mar feita com requeijão, maionese e decoração esmerada. Ao comer, foi inevitável lembrar de outro lugar-comum: a voz do povo é a voz de Deus. Porque o petisco é mesmo muito bom, como já fazia crer o resultado da votação. Ali, há três anos as cunhadas e amigas Úrsula e Lúcia servem rissoles de camarão (R$ 12, a porção), risotos e bolinhos de bacalhau. Antes do concurso coroar a casquinha, as estrelas eram a versão crocante do camarão ao alho e óleo (R$ 25) e a sopa Leão Veloso. Tudo a preços razoáveis e no ambiente bucólico da ponta da Ribeira. O segredo para tantos frutos do mar bons e baratos até o leitor desatento descobre logo. A casa pertence à Peixaria Martinho, que funciona há mais de 40 anos ali ao lado. Quem mora na Ilha conhece. E você, que é de fora, saiba que a peixaria foi por décadas a única fornecedora de camarão da Confeitaria Colombo. Tá bom ou quer mais?