Criticando Galeria 1618

Foi uma amiga moradora do bairro quem me situou: o melhor de Copacabana fica nas extremidades. O "miolão", segundo ela, costuma "pegar". Acatei seu conselho e parti em direção ao Leme, extrema esquerda do bairro (talvez embalada pelos ecos de 68), com destino certo: Galeria 1618, misto de bistrô, galeria e livraria, onde há tempos entrei para um rápido café. Fui fisgada pela fachada déco, o ambiente e a música, que chega até a calçada. Atração fatal total. Explico: minha segunda investida ali, dessa vez com fome, sem pressa e bem acomodada numa mesa entre livros e fotos da África (passei a noite sofrendo com a imagem de um elefante abatido por um tiro), foi uma frustração só. O bistrô do tunisiano Stéphane Haddad e da francesa Claude Laliãvre talvez se saísse melhor como um café ou mesmo um bar, desde que desviasse o foco da sua cozinha. Para começo de jantar, a carta de vinhos é fraquíssima, coisa impensável em um bistrô, d'accord? Já o cardápio, bem, são dois na verdade: um fixo e outro com sugestões do dia escritas no quadro-negro itinerante, que circula de mesa em mesa (outra bossa). Traz coisas como kemia, entrada tunisiana com quatro pastinhas (R$8,50) e pão (R$11,50). Só escapou o pão. O cuscuz tunisiano de peixe (R$39) chegou sem graça (é tão simples fazer o prato!); o cherne (nitidamente congelado) com ratatouille (R$39) idem; e a salada niçoise (na qual faltava tudo de uma niçoise) voltou inteira. O Galeria 1618 - pena, pena - é só fachada.