Criticando Stuzzi

Dia desses, uma amiga desabafou: "Tem coisas das quais eu não suporto mais ouvir falar. Tapas, por exemplo. Tudo agora são tapas, que saco!". Respondi que amo tapas e que quanto mais bares assim houver no Rio, melhor. Naquela mesma noite, a Menina do Leblon, que sabe tudo sobre sua área, veio com a novidade: "Tem um bar de tapas italianas na Dias Ferreira. Você devia ir lá". Ordens são ordens. Na última segunda, lá estava eu no Stuzzi, aberto há uma semana no lugar do Doce Delícia. (O nome já diz a que veio: Stuzzi é uma redução de stuzzichini, palavra que designa os petiscos italianos.) Fui solo, pois a Menina já estava dormindo. Mas posso ouvi-la elogiando a decoração de Bel Lobo, que pendurou garrafas no teto e as iluminou, criando um efeito chique. Sei que a Menina teria aprovado o strudel de queijo de cabra e legumes (R$ 18), de massa fininha. O arancino de ragu (R$ 9,80), bolinho de arroz recheado com o molho do ragu, era um clichê do jornalismo gastronômico: crocante por fora, macio por dentro. E teve também a batata rústica trufada com crispies de Parma e ovo frito (R$ 22,50), que fechou a noite com louvor. (Fina, a Menina, teria arqueado uma sobrancelha diante do meu pedido de tirar o ovo. Eu apreciei a gentileza e a presteza com que o garçom me atendeu.) Mas... devo confesar. O que me ganhou definitivamente foi o bar e o bartender. Avistei uma garrafa de fernet Branca. E pedi fernet cola, o drinque argentino que mistura a bebida com Coca-Cola e gelo. O cara não apenas conhecia o tal drinque como me disse que adorava, pois o refrigerante corta o amargo do fernet etc. etc. etc. E assim, passamos um bom tempo trocando impressões sobre fernet cola. Vejam só como são as coisas: sozinho numa mesa de bar encontrei um irmão apreciador de fernet. A surpresa valeu a noite.