Criticando Quadrucci

Como estava em Búzios no último final de semana (detalhe: por conta do temporal, levei quase uma Paris-Rio para chegar até em casa) e o novo chef do Quadrucci, Ronaldo Canho, também, fui conhecer os pratos de verão da filial do restaurante na cidade. Como os lançamentos também estão na matriz do Rio, juntei a fome com a vontade de comer. São muitas as novidades em cartaz no Quadrucci, que, para minha surpresa, está completando dez anos de Leblon. Não pensei que fosse tanto. O Quadrucci é daquelas casas que custam a engrenar. Lembro que já me referi a ela como o "patinho feio" da Dias Ferreira. É que enquanto os restaurantes vizinhos (leia-se Zuka e Sushi Leblon) administravam filas homéricas na porta, o Quadrucci esbanjava mesas. Vazias. Mas há tempos esse quadro mudou. Bastante. Hoje, o deque dali vive cheio e a sua cozinha se firmou como uma boa opção de culinária italiana com roupagem contemporânea - no melhor sentido que essa definição pode ter. Ronaldo Canho é tarimbado, com passagens por cozinhas de bares e restaurantes noturnos. No Quadrucci, ele pode, enfim, mostrar o seu potencial. Em tudo que cria e prepara dá para sentir segurança, fruto de décadas de estrada. Nossa seleção chegou linda. A salada de cuscuz com camarões defumados em casa (delicadíssimos), maçã caramelizada, folhas e molho de manga (R$ 29) parecia uma tela de Matisse. Uma explosão de cores. Mas nosso almoço de família começou mesmo pela porção de ostras quentes (e olha que costumo dar preferência a elas frescas). Perfeitas, vieram gratinadas com manteiga de ervas, espumante e toque de limão-siciliano. Depois de comer os mariscos, mergulhamos nossos pedaços de ciabatta quentinha no molho, entre goles de muscadet geladinho. Viva a vida! A nage de frutos do mar levinha, com açafrão e legumes (R$ 63), espetacular na sua simplicidade, foi o prato seguinte. Depois pedimos, juntos, o medalhão de filé (R$ 63) com purê de tomate (como ninguém pensou nisso antes? ou será que pensou?) com farofa de farinha panko crocante. Alguns chefs desbotam na sobremesa. Não ele: sua marquise de chocolate com creme inglês de cupuaçu (R$ 25) chegou iluminada, para nosso absoluto deleite.