Criticando São Vicente

Entrar no São Vicente - recém-aberto no lugar onde durante anos funcionou o Gattopardo, na Lagoa - é impactante, especialmente à noite: pelo espaçoso salão principal estão nada menos do que 450 velas de diferentes tamanhos e nuances de branco. É bonito. Além disso, tem as mesas grandes e afastadas umas das outras, o que só reforça o climão gostoso de ficar ali. Muitas casas abriram nos últimos meses no Rio (que bom, que ótimo!), mas nenhuma do porte do São Vicente. É um espaço de 1.400 metros quadrados em plena Lagoa. O projeto do arquiteto Ricardo Campos é certeiro: varanda coberta na entrada (com bromélias pelas paredes e ...velas!), um lounge bacana, o restaurante, um bar e uma boate. É, na verdade, um complexo gastronômico, todo nas mãos do chef Daniel Pinho, que não me pareceu achar complicado criar pratos para cada um desses ambientes. Daniel, com quase duas décadas de estrada (começou no Sagrada Família com o pai, Paulo Pinho), é experiente. Seu parceiro Ricardo Abla, apesar de jovem, também: foi chef do Zazá Bistrõ por um bom tempo. A dobradinha deu liga: o São Vicente é um apanhado de petiscos e pratos bem-sucedidos. Difícil não se animar com o que o cardápio sugere. Fizemos um mix de entradinhas: harumaki com confit de pato e chutney de manga (R$ 17), croquete da casa (à la alemão, mas muito melhor, R$ 15) e pastel de moqueca de frutos do mar (R$ 17). Só então partimos para os principais. Por sugestão do chef, pedi o cordeiro com risoto de hortelã (R$ 58), que me soou interessante. E era: medalhões de pernil de cordeiro (eu não conhecia nesse corte), com um molho docinho reduzido servido com um risoto de hortelã e ervilha. Minha amiga provou o bobó de batata-baroa e camarões, farofa de panko, dendê e couve crocante (R$ 48) e fechou com o petit gateau (R$ 19) de chocolate branco com limão-siciliano e sorvete de frutas vermelhas. Saí dali feliz da vida e com o firme propósito de encher a minha casa de velas. Só faltam 445.