Criticando La Mole - Ilha do Governador

Sou cria do La Mole do Leblon, bairro onde nasci, cresci e vivi boa parte da minha infância e adolescência, num tempo em que o Rio era só felicidade. Daí, posso falar de cadeira - qualquer uma da varanda da Dias Ferreira - que a casa tem seu valor. A começar pelo dos pratos, que trazem cifras pouco comuns naquele CEP. Um escalopinho ao molho de limão, meu preferido - que há décadas chega igualzinho - custa R$28,90. E comem dois. Numa ótima para nós e para a casa. O brochete de filé mignon (R$25,90) também continua o mesmo. É servido com fritas sequinhas e arroz à la grega, acompanhamento que, desconfio, foi obra de algum cozinheiro do La Mole (não vi na Grécia). Como o clássico arroz à piemontese, que ninguém mais discute o DNA: é filhote do La Mole, numa época em que os risotti não alimentavam a nossa cobiça. O arroz "agulhinha" empapado na marra, no creme de leite e na manteiga, era a pedida. E ainda é: o "à piemontese" continua em cartaz na casa e fora dela. Há 50 anos! Missão mais do que cumprida. E comprida, felizmente... Nesses anos de convivência pacífica, aprendi a dispensar as massas, a curtir as carnes e a torcer pelo seu futuro. O Rio precisa do La Mole exatamente como ele é, sem tirar nem por. (Publicada em 25/04/08)