Criticando Armazém Colonial

Na última coluna, "revelei" que, na adolescência, não conhecia paleta de cordeiro ou kiwi. Por conta disso, uma leitora enviou um e-mail irado. Depois de lamentar o fato de eu não ter conhecido coisas boas para sentir saudades (?!?), disparou: "Parece que a sua culinária familiar era meio devagar, pois paleta de cordeiro e kiwi existem há muito mais tempo do que você imagina..." Não entendi, mas apresso-me a dizer que a demora em conhecer kiwi (não gosto) e paleta de cordeiro (adoro) tornou a descoberta mais saborosa. Exatamente como o Armazém Colonial, que só "descobri" agora, apesar de existir há quatro anos. E eu sei o motivo da demora. É que o Armazém Colonial não era bar, mas um misto de delicatessen e lugar para se tomar café da manhã. A vizinhança da TV Globo foi empurrando a casa na direção de cervejas, vinhos e petiscos. Tudo pela happy hour , claro. Empurrou, também, a se voltar para a rua: o neobar tem mesas de madeira na calçada - devidamente autorizadas pelas autoridades, é necessário dizer. Bonitinho e despretensioso, o bar tem uma carta de vinhos igualmente despretensiosa, perfeita para quem quer beber sem estourar a conta bancária. O vinho mais caro, o bordeaux Conversation Rouge, sai por R$ 58,80. Já o malbec Angaro custa R$ 25,30. E olha que estamos falando da garrafa! Os sanduíches são feitos com pães do Talho Capixaba, os melhores do Rio. Custam entre R$ 4 e R$ 7 e, acreditem, são ótimos. Como estava com muita fome, arrematei com um gostoso empadão de palmito (R$ 6). Enfim, mais uma "coisa boa" na minha vida. Melhor: uma coisa boa pela qual posso pagar. E os adolescentes também.