Criticando Garden

Quando soube que o jovem chef português Milton Ferreira estava assinando o cardápio dos 55 anos do Garden, corri para o Jardim de Alah com a minha amiga Bety Orsini. Não podia perder a chance de voltar a desfrutar das delícias da cozinha de Ferreira, que conheci em Celeirós, um adorável vilarejo da região do Douro, em Portugal. Sabe aquelas viagens que a gente não esquece? Essa foi e continua sendo uma delas. Fui lá conhecer a Casa das Pipas, da Quinta do Portal, vinícola que tinha acabado de ser eleita a melhor do mundo pela revista "Wine & Spirits". E a melhor pousada de vinícola, segundo a revista "Forbes", publicação voltada para o mercado de luxo. Lá fui eu, claro... Nos quatro adoráveis dias em que estive hospedada ali, conheci Ferreira, que é o chef da pousada. Não dá para contar o que comemos (e bebemos, ora pois) nessa temporada no Douro. Mas posso dividir aqui o que desfrutei no Garden, que está com um menu especial, festivo, assinado pelo chef. Para quem não conhece a gastronomia portuguesa moderna, Ferreira é um bom mostruário. Mas é modernidade apenas na apresentação dos pratos, na composição de receitas procurando ingredientes mais leves, tudo sem perder a pegada lusa jamais. Daí, o menu do Garden traz folhado de alheiras (embutido) com maçã caramelada e cogumelos no Porto (R$ 19) e pastelinhos (bolinhos) de bacalhau com salada de feijão-fradinho e presunto crocante (R$ 27,50) como entradas. Adoramos. Pedi depois as perninhas (na verdade, pernocas) de polvo à lagareiro, com batatas ao murro, grelos (folhas jo- vens de couve), anéis fininhos de cebolas empanadas e ovo (R$ 47) - os cozinheiros portugueses, quando não têm mais o que colocar na receita, lascam logo um ovo. E me esbaldei. Bety preferiu o bacalhau em duas texturas sobre migas (pão), emulsão de salsa, pasta de azeitona e alecrim crocante (R$ 75). Na hora da sobremesa, troquei o pudim de vinho do Porto com rabanada, pera cozida no Moscatel e sorvete de nozes (R$ 19,50), dei apenas uma colherada, por uma taça de Tawny Reserva. Na balança, acho que fiz um bom negócio.