Resumo Pavão Azul II

O cliente chega na maior humildade, quer saber quais são os preços dos petiscos e dos pratos do lugar, e então pede, naturalmente, o cardápio. Só que não tem cardápio. No duro, no duro, tudo bem. Pé-sujo que se preza não tem cardápio mesmo - a negociação tem que ser cara a cara com o garçom. O Pavão Azul, aliás, é reincidente no tema, pois já tinha sido o mais votado, na mesma categoria, Pé-sujo, no Prêmio Rio Show de Gastronomia de 2007. E agora em 2009, viva, também foi indicado para boteco pé-limpo do ano. O lugar é acanhado, metade das cadeiras fica na calçada, ao ar livre, mas que ninguém pense que existe a possibilidade de ter a bolsa ou a carteira larapiada - pois o Pavão fica a 20 metros da delegacia, no caso a 12, na Rua Hilário de Gouveia. Há dois meses, abriu-se uma filial mais perto ainda, na esquina da Hilário com a Barata Ribeiro. Os carros da Polícia Civil ficam estacionados em frente. Tudo no Pavão Azul parece improvisado, tudo é muito simples, todo mundo à vontade, sem frescuras. Algumas mesas são de madeira, mas outras são de ferro, apertadinhas, pedindo licença para as paredes. As cadeiras, por sua vez, são de plástico. O banheiro fica atrás do depósito de engradados de cerveja, a descarga é na cordinha e o papel higiênico, veja só, é preso lá em cima, a quase dois metros de altura. O clima, vê-se, é informal toda vida. E isso é que é o bom. Os garçons são uma simpatia, Vera Afonso, a dona, está sempre por lá (dividindo-se entre a sede e a nova filial, mais ajeitada, especializada apenas nos petiscos), e o que importa é mesmo o papo que rola solto nas mesas. Para o almoço, tem ainda rabada e feijoada. Mas o campeão de vendas é o risoto. Não à toa, é o único prato servido na nova filial. Aliás, um parêntese para se contar uma curiosidade da filial. (Ela foi erguida onde antes funcionava uma Emagrecintas. A loja mudou de endereço, mas a dona pediu a Vera que desse uma força, divulgando, como pudesse, a mudança aos antigos clientes. A solução foi b