Criticando La Fiducia Ristorante

O nome do novo restaurante que se instalou no lugar do antigo Montecarlo, em Copacabana, quer dizer confiança em italiano. E foi exatamente essa a sensação que tive ao entrar no La Fiducia e ver o veterano Valmir Pereira - misto de maître, sommelier e RP, com 36 anos de salão (os últimos deles no D'Amici) - a postos. Pensei na hora: meu apetite e eu estamos em ótimas mãos. Não nos decepcionamos (meu apetite e eu). Para começar, foi um alívio não identificar nada do D'Amici na casa (prática hoje comum nos novos espaços da cidade), exceto o próprio Valmir e a comida clássica italiana. E parou aí. Na cozinha (aparente), a chef paulista Flávia Pascalicchio (que se formou no Piemonte) traz novos ares, visíveis já no couvert, que, dependendo do dia, pode trazer abobrinha marinada com hortelã, ceviche de coelho, creme azedo com toques de limão-siciliano e pães da casa (R$ 12). Pedi de entrada a salada de tomates secos, coração de alcachofras, cubos de Grana Padano e folhas (R$ 39), que me pareceu puxada demais no balsâmico. Ficou doce e brigou com o meu branco suave. Na próxima, vou de presunto cru, aspargos frescos e folhas ao molho de limão-siciliano (R$ 38). Depois, elegi o peixe do dia (o mais fresco e gostoso dos últimos tempos), um cherne alto e grelhado na medida, que chegou com uma adorável caponata (berinjela, abobrinha, pimentão, passas e pignoli), que curti até a derradeira garfada (R$ 46). A adega, surpreendentemente, é pequena. Pena. Mas reúne 220 rótulos escolhidos a dedo por Valmir. Não tem erro. O ambiente é simpático, obra do arquiteto Hélio Pellegrino - que fugiu da estética Porcão e criou um visual diferente -, e, no salão, há um time de garçons experientes e atentos, daqueles que sabem o que queremos antes mesmo da gente. Adivinhos. O ar de fiducia está por toda a casa. E não tem sensação mais reconfortante do que essa quando se vai a um restaurante. Com fome.