Criticando Leviano Bar

O programa foi inédito: jantar na Lapa (há aaaanos não frequento o bairro à noite) e assistir a um show no Circo Voador, que, como é de praxe, começou praticamente no dia seguinte. Sobrevivi. E curti. A Lapa, para quem não sabe, tem duas de suas principais ruas, a Mem de Sá e a Riachuelo, fechadas ao trânsito de veículos nas noites de sexta e sábado. Nada de ônibus, carros, buzinas, fumaceira, pisca-alerta e flanelinhas. As ruas viram enormes calçadões de pedestres onde tudo acontece. Só isso, já vale a investida. O lugar vira um happening, um divertido vaivém de gente dos mais variados tipos e procedências (os turistas já descobriram há tempos) circulando da Sala Cecília Meirelles à Gomes Freire. Me fez lembrar da Rua das Pedras, em Búzios, só que tendo os Arcos da Lapa como pano de fundo. E a Catedral Metropolitana (cuja iluminação muda de cor), os casarões centenários em bom estado... Pensando bem, a única semelhança com Búzios são os pedrestes. E parou aí. Nosso programa "casado" começou no Leviano, espaço novo, no comecinho da Mem de Sá, cujo barman uruguaio (Fabian Martinez) desfruta de boa fama lá em Punta. Além disso, o cardápio é de Daniel Pinho (chef do São Vicente, entre outras coisas), de quem gosto bem. E a casa ainda tem Letícia Lomba, que conheci no Gula Gula e no Ráscal, como uma das sócias. Tudo conspirava a favor da noitada. Amigos queridos, filha, ingressos na mão e mesa bem localizada. A casa centenária, que durante anos abrigou um borracheiro (que já me socorreu muito), é um grande vão com mesas e vista tanto para a Riachuelo quanto para a Mem de Sá. O vento circula e das mesas se testemunha o frenesi do bairro. Os comes são bacanas: palitos de polenta fritos e sequinhos, com molho de gorgonzola (R$ 16, dez ), queijo coalho empanado com molho de goiaba e gengibre, adoráveis (R$ 18, dez), bolinhos de feijoada recheados com linguiça picante (R$ 18, oito), e potinhos de bobó e de risoto de frutos do mar (R$ 23). Bebemos com fé na fonte do barman hermano: clericôs (R$ 23, a jarra) impecáveis, não fossem os uruguaios os mentores do drinque (e os argentinos têm que engolir essa). E alguns golinhos de martínis inventivos, leves e gostosos: R$ 11,90, o mais caro. O porém ficou por conta da música altíssima e do teor etílico do grupo. Encarar um show em pé, no Circo, foi dose, quase malabarismo.