Criticando Fábrica da Lapa

Conheci o Jeff, meu xará parisiense, há três meses, num bar de Copacabana. Barbudo, chapéu de palha, sorriso largo, bermudão... Uma figura. Fomos apresentados por duas francesas adoráveis, amigas em comum. E Jeff (apelido para Jean-François, vá entender...), simpaticíssimo e expansivo, contou que ia abrir um bar na Lapa. Opa, peraí: bar na Lapa é a minha praia. "Vou ficar de olho", decidi. E, desde então, passei a acompanhar a obra da janela do 464, quando entrava naquele comecinho da Mem de Sá. No sábado passado, Frédérique me mandou um SMS: "On se retrouve ce soir au bar de Jeff?". Sim, nos encontramos lá. E toquei para a Fábrica da Lapa (eis o nome do bar). A amiga chegou tarde, mas Jeff estava lá, feliz da vida, orgulhoso de seu bar. Tinha mais que estar orgulhoso mesmo. A casa, com três andares, é um primor. E é resultado de uma aventura: além de Jeff, três amigos parisienses de longa data (se conhecem há 20 anos) e uma brasileira investiram seu tempo e seu dinheiro num bar além-mar. E o fizeram comme il faut, com salão bem decorado (atenção à luz, às paredes e à escultura com fitas de tecido colorido que pende do teto), lounge mais intimista no mezanino e uma grande pista de dança no terceiro andar. Jeff me diz que faz questão de música de primeira e que cuidou da acústica com carinho. Vide o povo que só saiu de lá de manhã, depois de uma festa com o DJ do Favela Chic. Os pratos, criações da chef Karen Enright, incluem delícias como polenta com almôndegas (fumegantes, a R$ 30) e calabresa na cachaça. O chope custa R$ 4, enquanto a garrafa de 600ml de Bohemia sai por R$ 7. Jeff me conta que seu belo bar nasceu de uma história de amor pelo Rio, em especial pela Lapa. Isso não tem preço.