Criticando Bar Brasil

Mas o que se passa na cabeça dessa garotada? O vetusto pensamento me ocorre sempre que cruzo a Mem de Sá com a Lavradio lá pelas sete da noite. Nessa hora, o coração da Lapa fervilha de jovens trabalhadores em happy hour, lotando os novos bares de filial que grassam por ali. E é isso que me incomoda: enquanto faz fila na porta da mediocridade, a turma do crachá no bolso ignora a existência - ali mesmo, naquela esquina - de um dos melhores bares do Rio. Tranqüilo, sereno, de portas abertas até as onze e sempre com mesas sobrando para quem quiser entrar. Refiro-me, caro leitor, ao Bar Brasil. Além do extraordinário pé-direito, é difícil dizer o que é maior no Bar Brasil: se a tradição ou a discrição. Afinal, a casa fez 100 anos em novembro, sem alarde. Por outro lado, é dona do melhor schnitt da Lapa (R$3,30, a caldeireta) e de inesquecíveis pratos alemães, servidos do mesmo jeito que eram feitos quando o lugar ainda se chamava Zeppelin, antes da Segunda Guerra. O kassler com salada de batatas é um deles. Saboreá-lo enquanto se observa a decoração clássica e espartana, com geladeiras de madeira nonagenárias, colunas de ferro no centro do salão e hastes de pendurar chapéu nas paredes chapiscadas é uma viagem no tempo. Isso sem falar do patê de vitela no pão preto. Imperdível com um chope, melhor ainda com vários. E a unanimidade, coitada, a dez metros dali, comendo empada aberta requentada...