Criticando Café e Bar Varnhagen

Há 506 anos, o português Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Quase dois séculos depois, o luso-brasileiro Francisco Varnhagen descobriu o túmulo de Cabral. E mês passado, numa noite de lua nova, eu, que sou carioca, descobri na praça Varnhagen o bar da portuguesa Natalina... Queira me perdoar, caro leitor. Essa livre e um tanto inadequada associação de nomes, datas e idéias só pode mesmo ser efeito prolongado da batida de limão-galego. A bebida é uma das especialidades do Café e Bar Varnhagem, ou Bar dos Passarinhos, casa que, graças ao esmero de dona Natalina e sua família, tornou-se uma preciosidade da baixa gastronomia carioca. As paredes forradas por impecáveis azulejos brancos e azuis atestam o que digo: contam-se nos dedos de uma mão cenários tão pitorescos na cidade. E no caso do Bar Varnhagen, o ambiente é só o aperitivo para outros prazeres. Como, por exemplo, a receita de dona Natalina para a patanisca (R$1,20, cada), que transforma o acepipe numa espécie de acarajé de bacalhau. Ou, ainda, o feijão-manteiga com lombinho, preparado apenas para os dias mais frios. O marido de Dona Natalina, seu Alberto, foi quem comandou a casa até sua morte, há nove anos. Aficionado por passarinhos, seu Alberto transformou o bar em ponto de encontro dos criadores que costumavam se concentrar na praça aos domingos, numa feira de compra e venda de animais. Hoje, a feira não existe mais, mas ainda assim não há domingo em que o bar não encha de passarinheiros nostálgicos. Por isso mesmo, a barra de ferro instalada no teto do salão - o único estacionamento de gaiolas de que se tem notícia na cidade - continua funcionando a todo vapor. Acesse o blog do Juarez Becoza